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Mudar.De.Pele

Astrologia, Desenvolvimento Pessoal e Humano em doses homeopáticas.

28 de Setembro, 2022

A vida, aquela que é, privada

Miriam Pacheco

 

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Nem tudo é comum. Nem tudo é para ser partilhado. Nem tudo tem de ser partilhado. Há um espaço e um mundo que nos pertence só a nós. Apenas a nós mesmos. E é assim que tem de ser. É assim que deve de ser. Isto não significa que não gostemos dos outros, que não os respeitemos, que não lhes dediquemos a nossa atenção e tempo. Significa apenas que existe ali uma fronteira, um limite. Que ninguém tem nada a ver com isso. Seja lá porque motivo for. Com razão, sem razão ou com mais ou menos razão. Dali ninguém passa porque eu não quero e porque a vida é minha e é privada.

 

Ponto.

Traço _________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 

 

 

 

 

Haverá quem lide mal com isso. Sobretudo se formos pessoas que não costumamos impôr muitos limites nos outros. Haverá quem se apresente várias vezes, sob várias formas para se intrometer em seara alheia. Invocam-se sentimentos nobres e emoções fortes para tentar tirar mais uma colheradazinha do assunto privado. É um jogo de tração à corda. Puxa daqui, puxa dali, aguenta, puxa mais um pouco. Criancices. Coisas de crianças.

 

 

No complain, no explain.

 

 

E assim a léguas conseguimos distinguir claramente quem é nosso amigo e  nos respeita, de quem apenas quer cuscar e se entreter com a nossa vida. Sem acrescentar nada ou efetivamente ajudar.

 

Os segundos, mais tarde ou mais cedo, uma vez que lhes falta alimento, acabam por  sucumbir na auto-piedade ou no auto-vitimismo: eu só queria ajudar. Eu só estava preocupado. Eu convidei-a e ela disse que sim , depois disse que não. Ela é que se afastou. Ela é que deixou de responder às mensagens. Ela é que não participa no grupo do whatsup. Ela é que nunca mais apareceu para dizer olá. Não estou para levar com uma má resposta...

 

Já os primeiros dão espaço, dão tempo. Aceitam a fase. E quando sentem saudades: telefonam, aparecem, enviam um mail. Sem constrangimentos, nem cobranças. Sem remexer no fundo do rio para que a terra não suba e torne a água turva. Vivendo a amizade naturalmente, como sempre. 

 

Ninguém é obrigado a aceitar as fases de um outro alguém, mas também ninguém é obrigado a expôr a sua vida privada e intíma só para que seja aceite por  um outro alguém, sob o pretexto da amizade ou do amor. É como em tudo uma questão de escolha. 

 

 

 

O que quero para mim?

Quem eu quero que esteja ao meu lado?

 

 

26 de Setembro, 2022

Uma questão de gramática determina os possessivos

Miriam Pacheco

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É teu. Não é meu, não é de mim. É teu. Quando quero passa também a ser meu e então fica assim: nosso. Dilui-se num copo de vinho, que bebes pela sensação de evasão. Só assim sentes que nada te invade. Que o medo é menos real. Logo tu,  que tudo sentes à flor da pele.  Toco-te. Sinto-te na ponta dos meus dedos. A tua pele, minha flor.  O teu passa a ser meu e o meu, teu o é. Assim somos nós: nossos.  Um mistério, um ministério. Sem rei, nem ró. A vida assim acontece. Soberana e rainha. É vive-la...

 

 

 

 

07 de Setembro, 2022

Quando as interpretações atrapalham as relações...

Miriam Pacheco

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Interpretar. Somos treinados para interpretar desde bem cedo. Interpretar o olhar da mãe, interpretar a cauda do cão que abana, interpretar os textos na escola, interpretar o que será que o João sente por nós quando nos olha daquela maneira, interpretar quais as necessidades do nosso cliente na empresa onde trabalhamos... passamos uma vida inteira a interpretar!

 

E por irmos adquirindo  experiência e ocupando memória RAM, consideramo-nos já interpretes, já sabedores, já conhecedores do que irá acontecer naquela situação com aquelas pessoas, sob aquelas circunstâncias. Somos empíricos. Uma experiência particular é tomada como regra e definida como verdade absoluta e nada mais há!

 

É prático, mas superficial. É ingénuo. Resulta de uma mera observação e de deduções simples. É válido, mas nem sempre valioso. E pode dar origem a dogmas. 

 

Atrapalha.

 

E há tanto ângulos, tantos pormenores, tantas alíneas, tantos nuances. 

 

Vale mais ser como a águia. Sobrevoar os céus e observar por diferentes objetivas e lentes. Que sejamos todos benfiquistas, pelo menos às vezes...