Alquímico é o processo
Nada há de egoísta em escolheres o que é melhor para ti. Sobretudo quando essa tua escolha não tem implicações negativas na vida dos outros. Há que ter novas experiências e aproximares-te, cada vez mais, da vida que queres construir para ti. Exatamente à tua medida, sem excluir nem uma grama de celulite ou um cabelo branco.
O mundo tem tantas opções. Quantas e quantas vezes nos limitamos porque apenas conseguimos ver o que temos à nossa frente? Quantas e quantas vezes deixamos de olhar ao nosso redor? Quantas e quantas vezes deixamos de olhar para o alto, para o horizonte?
Nem sempre as coisas mudam na direção e com a velocidade que gostaríamos, mas podemos sempre reconstruir, dentro do que existe. Olhar de outro modo, fazer de outro modo, interpretar de outro modo. Às vezes bastam pequenas mudanças para que pareça que vivemos numas férias permanentes. Fazer de um hábito um ritual. Vivê-lo com atenção plena. Passo a passo, com consciência. Dando importância, dando valor pela raridade e efemeridade do momento, que, tal como a água do rio, passará sem ser a mesma.
Viver sem esforço, viver sem estar em modo de sobrevivência, viver sem se preocupar com o passado, sem se preocupar (demasiado) com o futuro. Viver o aqui e o agora. Usufruir. Tal como uma criança que brinca na rua, numa tarde de verão com os amigos. Tendo a certeza que nada mudará, mas se mudar também que importância faz?!
E são essas memórias aquáticas que vou resgatando dentro de mim, para que o estado de medo, controlo e alerta sejam minimizados, ou pelo menos, interpretados na sua real idiossincrasia. Nem mais, nem menos. Nem demais, nem de menos. É também para isto que servem as memórias. Não só para, à boa maneira portuguesa, sentir saudades, sentir falta, desejar que tudo fosse diferente. Servem para resgatar momentos em que experienciámos diferente, antes da dureza das circunstâncias nos obrigaram, durante tempo demais, a pensar, a agir e a ser diferente daquilo que gostaríamos.
É através do perfume que a memória emana que nos podemos, lentamente, reconectar com a memória e assim reativar em nós essa essência outrora esquecida, outrora apagada, outrora colocada de parte. Tal como um botão de uma flor, assim o nosso coração se vai permitindo abrir e aquela memória passa a ter um sabor doce, passa a trazer-nos um sorriso nos lábios, passa a transformar-se num pensamento: “quero isto de volta em mim”. E como que por magia, a alquimia começa a desabrochar….