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Mudar.De.Pele

Astrologia, Desenvolvimento Pessoal e Humano em doses homeopáticas.

14 de Julho, 2024

A Arte de Julgar

Miriam Pacheco

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Já diz o ditado: "quem nunca errou, que atire a primeira pedra!". Eu diria mais: quem nunca julgou que atire a primeira pedra! Todos nós nos julgámos ou julgámos alguém durante o nosso percurso de vida. Todos nós temos opiniões sobre o que seria melhor e mais consciente em relação à situação dos outros. Todos nós, em algum grau e em algum momento, temos (ou tivemos) uma veia de consultores da vida alheia. Todos nós!

Não é então de ficarmos surpreendidos ou amuados se também os outros opinarem sobre nós e nos julgarem. É o reverso da medalha. Na grande maioria das vezes esse julgamento, apesar de racionalmente válido, bate na trave no que toca ao que se passa nesta imensa vastidão interna de consciência e inconsciência a vários níveis. Os processos humanos nunca são plenamente lineares. A vivência da experiência humana é isso mesmo: uma experiência na qual testamos uma ou várias partes de nós mesmos perante uma nova situação ou situações repetidas. É uma aprendizagem constante e contínua!

Não há certo, não há errado. Há consequências. Há consequências para as quais não estamos preparados ou não são previsíveis...

Não temos de partilhar as nossas aprendizagens, a menos que queiramos e nos faça sentido. As minhas lições de vida são algo íntimo. Não há lei, não há regra, somos nós que determinamos o que expomos e quando nos expomos perante aos outros. Quem quiser aceitar-nos, aceite. Quem não quiser aceitar-nos, não nos aceite. Quem quiser ajudar-nos, ajude-nos. Quem não quiser nos ajudar, não nos ajude e sacuda a água do capote.

Quem quer mesmo ter de aturar problemas que não são resultado das suas próprias experiências de vida?!

Apontamos o dedo, criticamos, damos sugestões de estratégias para a resolução dos fatos, mas, contas feitas, quem fica e ficará sempre com o "menino nos braços" é a própria pessoa. É a chamada responsabilidade da própria vida!

Posto isto e assim sendo: porque terei eu de estar constantemente a falar dos meus processos, das minhas escolhas, das minhas decisões, das minhas batalhas se não sinto vontade ou necessidade de o fazer? Há caminhos que exigem silêncio, há caminhos que pedem recato, há caminhos que nos suscitam dúvidas que queremos ser nós a esclarecer, há caminhos que de tão internos nem temos palavras para falar sobre eles...os caminhos humanos são sempre muito individuais e intransmissíveis. Sempre.

Às vezes só precisamos que nos oiçam quando reclamamos porque nos picámos nos espinhos da rosa. Só precisamos de saber que mesmo sendo nós a ter de atravessar aquele deserto sozinhos, há alguém. Só precisamos de ouvir uma voz, sentir uma presença humana, ouvir o bater de um outro coração vivo.

Às vezes só precisamos de um copo de água para continuarmos a caminhar, sem precisarmos explicar porque estamos a caminhar, porque decidimos caminhar e não correr, porque não fomos de carro, porque estamos no deserto, como fomos parar ao deserto, como vamos sair do deserto, como vamos sobreviver perante o calor do deserto...

... E também há vezes onde precisamos voltar ao deserto várias vezes... E isso só a nós nos diz respeito!

09 de Julho, 2024

Como ser rebelde em 2024 ???

Miriam Pacheco

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Sou fã de atos de rebeldia!

 

Não atos de estupidez, que a estupidez nada tem a ver com a rebeldia. Mas falo de uma rebeldia que na minha ótima é sã, nada de extremismos religiosos ou coisas que tais. Aquela rebeldia que leva os outros a pensar para além do que pensa, a ver por outro ângulo, a despentear os valores que julga tão sólidos, estruturados e estruturantes em si.

 

Olho à minha volta e vejo alguns rebeldes, mas ainda sinto que são poucos. Dá muito trabalho ser rebelde nos dias que correm. E ao pensar em tudo isto, lembro-me de algo que não me sai da cabeça: os fãs da Taylor Swift provocaram ondas sísmicas aquando dos seus concertos em Lisboa. Vejam só a força que temos quando nos unimos!!!  

 

Secalhar não nos queremos unir e daí não nos unimos, deve ser isso... Há transportes para apanhar, contas para pagar, telemóveis para comprar, miúdos que precisam de ser levados à natação e no meio de tudo isto ainda temos de fazer tofu à bolonhesa com esparguete integral. 

 

No meio do New Age fala-se muito que ainda não houve um despertar da humanidade, mas se virmos bem todos nós andamos a dormir nalguma área da nossa vida, nunca conseguimos ser, estar e dar 100% de si em todos os sectores e a todo o momento. Há que priorizar e ir gerindo, tal como quando tínhamos o tamagochi. Cada um tem diferentes tamagochis na sua vida! 

 

Então como ser rebelde estando sozinho e fisicamente não pertencendo a nenhum grupo de ativistas e a nenhum tipo de voluntariado em África? 

 

E é  agora que nos surge aquela velha e rodada frase, partilhada por esses facebooks afora: "sê a mudança que queres ver no mundo!". De tanto a ouvirmos, certamente muitos de nós retorcemos os olhos e pensamos: "sim, está bem!". 

Mas talvez o maior ato de rebeldia esteja mesmo em nós. Talvez o maior ato de rebeldia seja não nos deixarmos influenciar negativamente pelas situações/ pessoas/ acontecimentos (externos!!!). Talvez o maior ato de rebeldia seja não nos permitirmos desmorecer ou ficar demasiadamente tristes porque as coisas não correm como esperamos, porque estamos numa má fase (mesmo que essa má fase dure há décadas!). Será que  o valor da vida não é tão maior do que tudo isto que nos incomoda e impede de avançar? Será que a nossa vida merece ser, de certo modo, sacrificada e desvalorizada por algo que em breve (seja lá isso quando for!)  irá com toda a certeza absoluta mudar ( e sim, tenho a certeza absoluta porque não existe nada de estático no universo)?! 

 

Eu tenho para mim que não, mas eu considero-me uma eterna rebelde!

 

 

03 de Julho, 2024

Pessoas destruídas destroem pessoas, mas só se as deixarmos...

Miriam Pacheco

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Tudo já lá estava. Às vezes não vemos. Às vezes não queremos ver. Às vezes queremos manter tudo como era. Às vezes não acreditamos. Às vezes nem nos apercebemos. Às vezes estamos ocupados demais. Às vezes temos outras prioridades. Às vezes achamos impossível. Às vezes temos preguiça de ver. Às vezes não queremos aceitar... mas tudo já lá estava!

 

Não acontece abruptamente, por norma nada acontece abruptamente nas relações. Vão sendo enviados sinais que ou desvalorizamos ou pensamos que resolvemos. E a coisa amornece. Um pouquinho de cada vez. E nós achamos que foi só naquele dia, que é do cansaço, que é do stress diário, que é uma fase, mas não. Por norma não o é!

 

Os pé deixam de se tocar durante a noite antes de adormecer. O acordar deixa de ser com um beijo. O sexo passa a ser inexistente. As conversas sáo limitadas. A alegria na partilha de coisas simples já lá não está. A perspetiva mudou. O respeito mudou. A prioridade  mudou. A vontade  mudou. Os sonhos mudaram.  

E parece que estamos ali num limbo. Nem pra lá, nem pra cá. Estagnados. Nem pra cima, nem pra baixo. Já não fazemos falta. Já não sentem a nossa falta, mas também ainda  não nos querem longe. Não é carne, não é peixe, não é tofu, não é seitan. É um fim adiado, quer seja por falta de coragem, quer seja por falta de casa, quer seja por falta de vontade. Morreu. E só estamos ali na sala a velar o que ainda resta dela, sem saber se por algum milagre divino tudo ressuscite e resplandesça como outrora... 

 

Remetemo-nos ao silêncio. Damos espaço ao silêncio. Um por vontade própria, o outro por obrigação. Sem data marcada do funeral, estamos ali em banho-maria e já nem nos preocupamos muito. Que assim seja como tem de ser, que assim seja quando tiver de ser. Encolhemos os ombros e fazemos a nossa vida, com um elefante cor-de-rosa no meio do quarto. Onde foi que nos perdemos? Como foi que nos perdemos? Como chegámos até aqui? Como permitimos que isto nos acontecesse? Voltámos a ser desconhecidos. Será que nos conhecemos?

 

Compreendemos então que não podemos tentar mais, que não nos podemos esforçar mais. Da nossa parte está tudo feito. Temos de nos respeitar, temos de respeitar o outro, mesmo não sendo este o rumo por onde queriamos que tudo fosse. Temos de deizar ser o que é. Deixar ser quando é. É preciso ouvirmo-nos e ouvir. E aceitar. 

 

Se é assim, que assim o seja. Talvez lá mais à frente faça algum sentido...