A Marlene
Conheci a Marlene. Cara fechada, de poucos amigos, sempre com o peso de uma história pesada às costas e os dois filhos menores pela mão, um de cada lado. Aos pouco fui conhecendo a Marlene, aliás foi ela que me permitiu ir entrando no seu mundo. Afinal a Marlene era uma sonhadora de sorriso fácil, cheia de ideias, cheia de vontade de expressar-se no mundo .
Volta, não volt,a arreliava-se comigo, por coisas pequenas. Era a menina dentro dela que se mostrava e precisava ser pegada ao colo. Dei-lhe muitas vezes colo. Ela achava o meu comportamento estranho. Não entendia porque eu era amorosa com ela sem querer nada em troca. Mal ela sabia que me dava tanto em troca. Também eu queria ser ouvida, também eu queria ser vista, também eu queria pertencer.
Um dia, os nossos caminhos separaram -se, mas nunca deixámo-nos de trocar mensagens. Numa destas últimas vezes, a Marlene relembrou-me da importância da criatividade para que possamos viver com mais leveza. Falou-me em acreditar em tudo o que sonhamos. E eu sorri, agradecendo-lhe a mensagem que eu tanto precisava de ouvir naquele momento.
E assim, mais uma vez, a Marlene pegou-me ao colo sem fazer a miníma ideia disso...