Estar doente é um treino de paciência
Quando estamos doentes, temos de estar doentes. De nada vale querer acelerar o processo. Com isto não digo que não tenhamos de ter responsabilidade para com a nossa cura. Não! Nada disso. Mas acho que temos de viver o que temos de viver sem o negar, fazendo o que está ao nosso alcance para melhorarmos. Daí que nessas fases passamos a ser chamados de pacientes...
E se não o somos, a bem ou a mal, teremos de o ser e teremos de aprender a lidar com a construção da paciência. Aceitar o momento não significa ser passivo, significa que recebemos o que nos é oferecido com paz, apesar da dor, dos medos e dos receios. Porém, é mais fácil dizê-lo do que praticá-lo. Ainda assim, podemos, nestes momentos difíceis, colocar essa intenção no processo, mesmo que não o consigamos aplicar em parte ou na sua totalidade. Isto significa que mesmo de algum modo existe essa consciência e essa vontade em nós!
O processo de doença é também uma fase em que somos forçados a estar mais perto de nós mesmos, mais perto do que pensamos, do que sentimos, do nosso direcionamento. Temos mais tempo e disponibilidade para nos escutarmos, para nos repensarmos, para nos reconstruirmos. É quase como um mercúrio retrógrado individual, do qual não conseguimos escapar.
Estar doente é escutar a doença e contemplar a nossa limitação enquanto humanos. Relembrar e comprovar a nossa finitude. Agradecer pelo que foi até ali e por aquilo que está por vir, celebrando a fragilidade de cada momento, a presente certeza de que tudo muda e mudará em consonância com o que é e não com o que gostariamos que fosse. Celebrando a dor para que a cura possa nascer.